Estudo e gestão do javali urbano em Barcelona

GREGORIO MENTABERRE, RAQUEL CASTILLO-CONTRERAS, CARLES CONEJERO, CARLOS GONZÁLEZ-CRESPO, MARTA VALLDEPERES, EMMANUEL SERRANO, JOSEP ESTRUCH, XAVIER FERNÁNDEZ AGUILAR, SANTIAGO LAVÍN, JORGE RAMÓN LÓPEZ OLVERA

A abundância e a distribuição geográfica das populações de javali (Sus scrofa) têm aumentado nas últimas décadas, com a particularidade que algumas populações realizam incursões cada vez mais frequentes nos núcleos urbanos. O aparecimento de novas espécies nas cidades pode originar novos conflitos e representar novos riscos, o que requer estudos ecológicos e sanitários para a gestão informada desta realidade. O Serviço de Ecopatologia de Fauna Selvagem (SEFaS) da Universidade Autónoma de Barcelona (UAB) estuda o javali urbano desde 2013. Em Barcelona, os javalis que visitam a cidade são originários do maciço de Collserola, um parque natural que limita o perímetro urbano. A presença de javalis na área urbana de Barcelona atingiu o seu máximo em 2016, quando se registaram 1187 denúncias às autoridades locais. Em ambiente urbano, o javali causa estragos nos parques, jardins e outras estruturas locais, provoca acidentes rodoviários, pode atacar civis e animais domésticos, e aumenta o risco generalizado de transmissão de zoonoses (doenças infeciosas transmitidas entre animais e o homem). Os próprios javalis sofrem as consequências de viverem num meio humanizado: consomem alimento de origem antrópica o que os leva a desenvolverem-se mais rapidamente, registam uma maior prevalência de doenças, apresentam um maior número de lesões resultantes de atropelamentos, sendo que a probabilidade de não sobreviverem devido a acidentes traumáticos ou controlos populacionais é superior. A estratégia mais eficaz para diminuir as incidências relacionadas com a presença de javalis na área urbana de Barcelona inclui diminuir os fatores que atraem o javali até à cidade, capturar e eutanasiar como medida de emergência os javalis que se encontram no meio urbano, aumentar o esforço de captura no meio periurbano no período de maior incidência (maio-setembro) e aumentar a pressão cinegética no Parque Natural de Collserola. A problemática associada aos javalis urbanos requer uma gestão multidisciplinar que inclua todos os setores implicados.

 

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