Era uma vez um esquilo-siberiano em Lousada – o primeiro registo de um esquilo exótico em Portugal

RITA GOMES ROCHA, MANUEL NUNES, JOÃO CARVALHO

As espécies exóticas invasoras constituem uma ameaça crescente para a biodiversidade, tendo impactes negativos tanto nas espécies e habitats nativos, como também na economia nacional e internacional. Entre os mamíferos, os esquilos são animais de estimação exóticos muito apreciados, que muitas vezes são libertados intencionalmente ou escapam acidentalmente para o meio natural. Atualmente, são seis as espécies de esquilos exóticos invasores, ou com potencial invasor, reconhecidas na Europa: o esquilo-cinzento (Sciurus carolinensis), o esquilo-raposa (Sciurus niger), o esquilo-de-Finlayson (Callosciurus finlaysonii), o esquilo-de-Pallas (Callosciurus erythraeus), o esquilo-terrestre-da-Barbária (Atlantoxerus getulus) e o esquilo-siberiano (Eutamias sibiricus). Em Portugal, apesar de até ao momento não existirem registos confirmados de esquilos invasores, quatro espécies, incluindo o esquilo-cinzento, o esquilo-raposa, o esquilo-de-Pallas, e o esquilo-siberiano, estão catalogadas na Lista Nacional de Espécies Invasoras e são referidas como espécies exóticas invasoras, ou com potencial invasor, que suscitam preocupação na União Europeia. Neste trabalho, damos a conhecer o primeiro registo confirmado em ambiente natural de esquilo-siberiano em Portugal, mais especificamente no concelho de Lousada. Além de ser um registo inédito em Portugal, é apenas o sétimo na Península Ibérica. A espécie não foi registada nos meses subsequentes à primeira observação, pelo que é possível que não tenha sobrevivido. Este registo foi partilhado por um entusiasta da natureza, reforçando o importante papel do público em geral na deteção precoce de espécies exóticas com potencial invasor, bem como num maior entendimento da biodiversidade. A deteção atempada, juntamente com a sensibilização e divulgação de informação, é essencial para garantirmos uma gestão adequada de espécies exóticas invasoras e assegurarmos a conservação da biodiversidade nativa.

 

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